19 de Maio, 2021
O AutoPapo noticiou, em abril, que o preço dos carros novos no Brasil registraram alta de 2%, enquanto os seminovos ficaram 4% mais caros e os usados tiveram acréscimo médio de 5%. As informações, disponibilizadas pelo Monitor de Variação de Preços da KBB Brasil, ainda indicavam tendência de alta. Entenda por que os valores estão subindo.
Desde o início do ano, pelo menos 10 montadoras de automóveis, caminhões e ônibus anunciaram paralização na produção de veículos em decorrência da crise sanitária ocasionada pelo novo coronavírus e da falta de componentes eletrônicos e matéria prima. Produzindo menos, o país vende menos – por mais.
De acordo com dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), o primeiro trimestre de 2021 teve desempenho em vendas de veículos zero-quilômetro reduzido, totalizando 527,9 mil unidades licenciadas – o que representa queda de 5,4% em relação aos mesmos meses do ano anterior.
A grande questão não é a comparação direta entre os períodos, mas quanto o mercado diminuiu com relação ao último trimestre de 2020: uma queda de 23% no volume de vendas. Fato que freou a recuperação do mercado que ocorria desde a metade do ano passado.
Luca Cafici, CEO da InstaCarro, analisa que, se colocarmos na balança o alto custo para produzir um carro no Brasil versus quanto se está vendendo com o avanço da pandemia, veremos outras montadoras, além de Ford e Audi, saindo do país. A tendência é mais forte ainda nos veículos de luxo, que sofrem diretamente com o aumento do custo de produção devido à alta do dólar.
Além da moeda estrangeira, outro fator tem agido sobre o preço dos carros em alguns estados: a alta de impostos. Em São Paulo, unidade federativa com a maior frota do país, o governo reajustou, pela segunda vez em 2021, o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) incidente sobre os automóveis.
Desde 1º de abril, a alíquota para os carros zero quilômetro passou a ser 14,5%. A interferência no preço dos carros é significativa, já que a taxa estava em 13,3% e, no ano passado, era de 12%.
Conforme as fabricantes vão deixando de produzir no Brasil, explica Luca Cafici, o mercado fica reduzido, e vão se criando nichos. “Se há alguns anos comprar um carro novo era difícil, porém um sonho possível nos modelos populares que ficavam na casa dos R$ 30 mil, atualmente a mesma categoria de veículos se aproxima dos R$ 50 mil”. E essa alta nos preços faz com que até quem antes só comprava veículos zero migre para os usados.
Também é da Fenabrave a informação de que em fevereiro deste ano o mercado de usados cresceu 15,1% quando comparado ao mesmo mês de 2020. “Não há grandes saídas: a escolha consciente para o consumidor, hoje, é partir para os seminovos e esperar o Brasil voltar a um cenário de normalidade”, opina Cafici.
Esse cenário deve se manter até a produção de veículos ser normalizada e a insegurança causada pelo coronavírus passar, bem como as contratações serem retomadas e a taxa de desemprego diminuir.
Outro fator a se colocar na “balança do preço dos carros novos” é a questão da concorrência. A falta de players no mercado entrega a quem tem o produto a possiblidade de ofertá-lo pelo preço que quer e não se preocupar tanto com a competitividade.
Na categoria dita como “de entrada”, vivemos décadas com uma disputa de quatro grandes representantes: Volkswagen, Ford, Chevrolet e Fiat. A Renault remava pelas beiradas e nos últimos 10 anos a Hyundai conquistou o mercado das grandes. A gama de veículos com preços semelhantes era benéfica ao consumidor, que podia escolher a melhor opção entre X fatores que lhe eram importantes.
Com a saída da Ford, o Ka deixou de ser produzido, recentemente a Volkswagen anunciou que o up! também deixará de ser vendido. Veja só: a concorrência diminuiu, a produção diminuiu e os preços subiram. E o prejudicado nessa equação é o consumidor.
Fonte: https://autopapo.uol.com.br/noticia/preco-dos-carros-subindo/