22 de Julho, 2021
A pandemia está fazendo o desejo de adquirir um carro crescer. Pessoas que costumavam usar o transporte público veem na compra de um veículo próprio a diminuição das chances de contaminação pelo novo coronavírus. Segundo a pesquisa realizada pelo Webmotors a pedido da Anfavea (Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores), apresentada nesta quarta-feira (14), 80% dos indivíduos que não têm automóvel próprio pretende realizar a compra ainda neste ano. Entre eles, 46% passou a usar mais carros por aplicativo e 29% passaram a andar para evitar pegar ônibus, trem ou metrô.
“Há uma urgência na compra, tanto que 63% das pessoas que não têm carro avaliaram que trata-se de um compra racional e não emocional”, explicou Rafael Constantinou, diretor de marketing, comunicação e product designer da Webmotors. Ele lembra que esta parcela dos consumidores podem estar retornando ao mercado automotivo, ou seja, já teve carro próprio um dia, ou buscando pelo primeiro automóvel. Entre as preferências estão os modelos hatch (36%), sedan (34%) e SUV (20%).
Chama atenção que 94% deste público pretende comprar um carro usado, percentual que subiu em relação à pesquisa realizada no segundo semestre de 2020, quando 88% não estimava comprar um veículo zero quilômetro. “Acabou aumentando o interesse pelos usados pelo aumento dos preços ou por falta de opção (porque os estoques estão baixos pela falta de semicondutores para produção)”, avaliou Constantinou. Ele observa que seguindo o encarecimento dos automóveis novos, em razão da baixa oferta e alta demanda, os veículos de segunda mão estão com alta de até 30% no preço.
Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, observou que, ao contrário das expectativas do mercado, a demanda por carro se manteve e até mesmo cresceu na pandemia. “Temos um setor com dificuldade de abastecimento, principalmente de semicondutores, mas existe intenção de compra, a demanda está aí”, assinalou. “Não tivemos um lockdown real, então as pessoas sabem que podem sair com seus carros. Por isso o mercado no Brasil cresceu, ao contrário do que aconteceu em outros países da Europa”, acrescentou o diretor da Webmotors.
O setor automotivo tem enfrentado problema na importação de insumos, principalmente de semicondutores utilizados na parte elétrica dos veículos. Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea (Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores), destacou que este é um problema global que afetou duramente a produção no primeiro semestre que deve continuar sendo um desafio até o fim do ano. “Esperamos que vá melhorar em meados de 2022, mas no segundo semestre ainda podemos ter interrupções nas fábricas”, disse.
Na semana passada, a Volkswagen anunciou férias coletivas para 1.500 da fábrica de São Bernardo por 20 dias, a partir da próxima segunda-feira. Há possibilidade que, ao término do período, mais um turno seja afetado e fique outros 20 dias em casa. A montadora afirmou que nos últimos meses, “tem trabalhado intensamente, em parceria com a matriz e fornecedores, para minimizar os efeitos da escassez de semicondutores para a produção em suas fábricas”.
Em junho, a fábrica chegou a ficar parada por dez dias por causa do mesmo problema, assim como as unidades de São Carlos e de Taubaté, no Interior, e de São José dos Pinhais, no Paraná. Desta vez, a fábrica de Taubaté também irá paralisar por 20 dias a partir de 12 de julho.
O problema fez a Anfavea reavaliar as projeções para o setor em 2021. A produção total de veículos era estimada em 2,52 milhões de unidades, 25% mais do que em 2020. Contudo, o número foi reduzido a 2,46 milhões, representando acréscimo de 22% sobre o ano passado.
Fonte: https://www.dgabc.com.br/Noticia/3734758/pandemia-impulsiona-busca-por-carros-usados